Radioatividade das Bananas

Análise da Atividade Radioativa das Bananas

em Base ao Mundo Radioativo onde Vivemos

Autor: Dr. Yuri V. Arce R.

BANANAS RADIACTIVAS 10

Com várias alternativas para nomear ao mesmo fruto e suas variedades, encontramos diferentes denominações, entre os mais populares nos países hispanofalantes temos: plátano, maduro, guineo, banana, etc., dependendo do país e da espécie de banana. Possivelmente se nunca escutou falar sobre o tema se perguntará, e quem irradiou às bananas para que ficaram radioativas?

As bananas por natureza possuem um elemento químico chamado potássio (K), o K é um elemento químico metálico, abundante na natureza e em muitos de nossos alimentos, assim como no corpo humano, onde sua manutenção em concentrações apropriadas é importante para um adequado funcionamento.

Em 100 g de banana existe aproximadamente 396 mg de K. Nesta concentração de K existe variantes do mesmo elemento químico, os denominados isótopos, que contem o isótopo potássio-40 (K40) que é instável (radioisótopo), que determina sua situação radioativa. Os isótopos são variantes de um mesmo elemento em base ao número de nêutrons dentro do núcleo atômico.

O isótopo K40 que é instável, intenta entrar em situação estável (todos os isótopos instáveis fazem o mesmo), ao se produzir este fenômeno de entrar em equilíbrio, a transmutação nuclear emite energia em forma de radiação (por isso é que esses isótopos instáveis são chamados de radioisótopos), que no caso do K40 sofre os decaimentos BETA (radiação beta no 80 – 90 % dos caos, e 10% emissão gama), que comparado com outros tipos de radiação (a alfa, a gama/X e a radiação neurônica) tem um maior poder de penetração que a alfa, mas menor que a gama e a neurônica, e é das menos lesivas ao corpo, logicamente dependendo da quantidade e do tempo de irradiação sofrida.

Poder de penetración de las diferentes radiaciones. Gráfico suministrado por el gobierno japonés a la población durante los accidentes nucleares de Fukushima.

Esta energia ocasionada pela transformação do isótopo instável de K40 pode ser detectável por um contador Gelger – Mulher (como se mostra no seguinte vídeo):

Esta condição de radioatividade da banana e sua quantificação levaram à criação do termo denominado dose equivalente a uma banana (BED/banana equivalent dose), fiz meus próprios cálculos, então se considerarmos que em 100 g de banana existe aproximadamente 396 mg de K; em uma banana de 150 g temos algo de 584 mg de K, dos quais só uma porcentagem será a variante K40 (algo de 0,0117 – 0,0118%), então temos  aproximadamente 0,069498 mg de K40 (potássio radioativo). Em uma banana que contem 450 mg de K, haverá algo de 0,05265 mg de K40, e assim vocês podem seguir fazendo seus cálculos fazendo uso da regra de três simples. Então cada banana dependendo de seu peso e sua concentração de K40 emitirá uma quantidade determinada de radiação que pode ser calculado e determinado pelo contador, existindo várias unidades de medidas para quantificar essa radiação, assumindo que os 0,052 mg de  K40 é equivalente a 14 becqueréis (Bq que é a atividade de uma quantidade de material radioativo com decaimento de um núcleo por segundo/equivalente a uma desintegração nuclear por segundo).

Resumindo, se você tem uma banana de 113 g de peso que contém aproximadamente 450 mg de K, dos quais aproximadamente 0,052 mg é K radiativo equivalente a 14 becqueréis, pode-se dizer que essa banana que você tem na mão produz 14 decaimentos radioativos a cada segundo.

Então você quer saber se cada vez que você come uma banana estaria se irradiando? A resposta lógica seria dizer que sim, enquanto você segura à banana com as mãos ou a mantenha perto de você, está te irradiando; mas não jogue fora a banana ao saber de tudo isto, melhor você as come e depois faça seus cálculos de quantas bananas você come durante um ano. Já que o valor da BED (dose equivalente à banana) foi desenvolvido com o intuito específico de indicar que a irradiação que você está sofrendo pela exposição a uma banana é praticamente insignificante e o termo é utilizado nos casos de fuga de radiação nas usinas nucleares.

Na medicina, a interpretação dos 14 becqueréis pode não ser muito prática, neste caso temos outro tipo de medida que é o Sievert (Sv), que é a medida da dose de radiação absorvida pela matéria viva corrigida pelos possíveis efeitos biológicos. Isto é, o becquerel indica a radiação emitida por segundo pelo corpo que irradia, agora o Sv indica quanto de essa radiação é absorvida pelo corpo irradiado (espero que tenha ficado tudo mais esclarecido) e suas possíveis consequências biológicas.

Diferenciando-se de outra medida, o Gray (unidade da dose absorvida), que quantifica a energia absorvida por um material, o Sv o corrige em base ao dano biológico que pode produzir a radiação utilizando fatores de correção como o tecido exposto.

E para continuar com os chatos cálculos matemáticos, temos outras equivalências e outras medidas para chegar ao Sv. Então ao comer nossa deliciosa banana, a gente se expõe a aproximadamente 14 becqueréis equivalente a 0,00037 microcurios, esses microcurios de K40 são transformados a rem, considerando uma banana de 113 g seria equivalente a aproximadamente 0,005 milirem. Assim temos que 1 Sv é igual a 100 rems, então temos que o nosso corpo adsorverá aproximadamente 0,00005 Sv de radiação da banana, que dependerá do peso e da concentração de K40 na banana, mas em média o corpo absorverá entre 0,05 a 0,1 µSv (microsievert).

Todo esse cálculo no final é somente uma aproximação, porque está exposto a múltiplas variantes, que vão desde o peso da banana que você vai comer, a quantidade de gramas de K e K40 que são aproximações porcentuais, a radiação beta e gama produzida também de estimação porcentual e seu efeito de penetração no tecido corporal que é variado, sendo maior a penetração da radiação gama que a beta. Alguns pesquisadores argumentam que o valor da dose por comer uma banana é muito menor ao dito anteriormente.

Agora você quer saber se existe evidencia científica que demonstre que as bananas emanam radiação, porque seu consumo está liberado ao púbico e sem nenhum tipo de advertência de radioatividade. Eu diria que a resposta radica em que simplesmente desde o inicio da história da humanidade, “sempre vivemos em um mundo radioativo”. Inicialmente era natural, e agora com o avanço da tecnologia também temos radiação artificial.  O simples fato de viver no planeta terra (já que ainda não há alternativa, e viver  na lua sem proteção seria submeter-se níveis maiores de radiação), expõe-nós a uma radiação anual estimada em 360 milirems (1 Sv = 100 rem) proveniente da radiação do espaço, quantidade que aumenta dependendo da altura do nível do mar onde você mora, a altitudes mais elevadas as pessoas encontram-se submetidas a maior radiação, o mesmo ocorre quando viajas em avião, evento que deve ser considerado pelos tripulantes dos voos comerciais e os passageiros de voos internacionais.

Para facilitar a compreensão dos cálculos, se considerarmos que a gente come diariamente bananas, que nos irradia em teoria aproximadamente uma dose de 0,00001 rem, durante um ano vamos estar expostos a uma dose de radiação de 3,6 milirems.

Ao comprar, que por viver neste planeta a gente está exposta a 360 milirems de radiação espacial por anos, 3,65 milirems (36,5 µSv) por comer aproximadamente uma banana ao dia durante um ano, entende-se que a radiação proveniente da banana é insignificante comparada com a radiação natural do planeta. Assim podemos afirmar que fica totalmente eliminado o risco que poderia ter comer uma banana, porque o nosso corpo diariamente está submetida doses maiores radiação, e agregar um pouco da radiação da banana resulta em suma inócua.

Alguns autores consideram que o ser humano está exposto anualmente a aproximadamente 0,0028 Sv de radiação, dos quais 0,0024 Sv são de origem natural e 0,0004 Sv são de origem artificial.

Para sofrer uma intoxicação aguda por radiação (síndrome por radiação aguda), a dose mortal varia entre 6 a 10 Sv. Considera-se que o 100% das pessoas irradiadas a essas doses morreram em 14 dias. O risco potencial de câncer se inicia entre 0,05 a 0,2 Sv.

Em conclusão, o analise do tema, permite afirmar que estamos mais expostos a doses maiores de outros tipos de radiação tanto de origem natural como artificial, fazendo com que a radiação proveniente da ingestão de banana seja considerada insignificante, razão pela qual sua ingestão não é proibida, ainda mais se considerarmos que existem outros tipos de alimentos que também são radioativos e que possivelmente em doses maiores, que serão abordados em outro artigo.

Mas com tudo isso, eu fiquei na dúvida, se a ingestão de bananas não nos expõe à radiação que pode causar-nos algum tipo de câncer, que até a data não tenha sido comprovada, mas lembrem do que já foi dito, não só a ingestão de banana causa uma dose de radiação em nosso corpo, existe outro fator, a distancia que mantemos da banana, causando também uma dose de radiação. A radiação que calculamos foi em base ao consumo aproximado de uma banana por dia. Mas o que acontece com aquelas pessoas que vivem do cultivo das bananeiras, pessoas que diariamente estão expostas não a uma banana, senão a várias mãos de bananas por dia nos lugares de cultivo, ao longo de vários meses ao ano, quanta é a radiação que essas pessoas enfrentam todos os dias ao caminhar e trabalhar em suas plantações de bananeiras estando em contato com muitas bananas ao mesmo tempo. Se fazemos novamente os cálculos, essas pessoas em teoria teriam que ser expostas a aproximadamente 1,000,000 (um milhão) de bananas por ano para que possam entrar no grupo de risco de câncer causados por radiação. Será que isso é possível? Se alguém fez alguma pesquisa envolvendo a medição da quantidade de radiação que os agricultores de bananas ou encontrou um artigo que fale sobre esse ponto em específico, pode envia-lo a este site para compartilha-lo e ampliar o presente artigo, porque pessoalmente não encontrei nenhum estudo que falasse sobre o assunto.

Referências:

  1. O Poder Radioativo da Banana do site Radiação de Fundo por Pedro Almeida, 6/01/2011. http://radiacaodefundo.haaan.com/2011/01/06/o-poder-radioativo-da-banana/
  2. Bananas são radioativas (e inofensivas) – Tabela Periódica.org, 22/06/2010. http://www.tabelaperiodica.org/bananas-sao-radioativas-e-inofensivas/
  3. Como se mide la radiación – PARA ENTENDER LAS RADIACIONES – http://divnuclear.fisica.edu.uy/libro/Como_se_mide_la_radiacion.pdf
  4. POTASSIUM, A RADIOACTIVE ELEMENT? – Our Radioactive Planet – 07/04/2004 http://rerowland.com/K40.html
  5. Dosis equivalente a un plátano – MEDICINA JOVEN.COM – http://www.medicinajoven.com/2010/06/dosis-equivalente-un-platano.html
  6. BANANAS DE RADIAÇÃO – MEDICINA NUCLEAR – JANAINA DUTRA – 23/08/2012 – http://www.mednuclear.net/2011/08/bananas-de-radiacao.html
  7. WIKIPEDIA.ORG
  8. RADIOACTIVIDAD – SITE: LA PIZARRA DE YURI – 27/03/2011 – http://www.lapizarradeyuri.com/2011/03/27/radioactividad/
  9. Video compartido de youtube.

dr. yuri v. arce r.


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